Subjetividade e singularidades


Subjetividade é um termo que corresponde a tudo aquilo que é intimo e particular de uma pessoa. Seu mundo interno, suas inquietações, seus gostos e aversões, a maneira como se sente em cada situação.

Podemos passar horas pensando se vamos fazer uma escolha ou outra, quase decidir pela primeira e acabar fazendo a segunda, sem que ninguém saiba disso, pois aconteceu em nossa experiência subjetiva.

A subjetividade é o espaço interno de cada pessoa, o modo como cada um de nós percebe, sente e se relaciona com o mundo e consigo mesmo, envolvendo nossa constituição cultural e nossos valores pessoais.

O que é objetivo pode ser facilmente percebido, já o subjetivo não é tão claro assim, pois envolve questões íntimas como as emoções, os significados pessoais, os desejos e os diferentes modos de interpretar a realidade de cada um.

"A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural." (BOCK, 2002)

A maneira como pensamos e sentimos a nossa própria existência não é igual ao de outras pessoas. A constatação de nossa subjetividade se desenvolve quando passamos a perceber diferentes das outras pessoas, com relação ao que sentimos, nossos interesses e o que consideramos adequado ou inadequado.

A experiência da subjetividade se desenvolve no final do século XVIII, com o Romantismo nas artes, um movimento que questiona o Iluminismo em sua característica racional. Não encara a pessoa mais como um mero ser racional, mas como um ser passional e sensível.

A ideia de um ser racional e metódico é colocada em questão com a percepção de que não somos regidos somente pela razão. As pessoas passam a perceber que possuem níveis de profundidade existencial que elas mesmas desconhecem, com isso há uma valorização das particularidades e da intimidade.

"O coração tem razões que a própria razão desconhece."
(Blaise Pascal)

Com a constatação da subjetividade, reconhecemos as diferenças entre os indivíduos e a liberdade de cada um ser de seu modo. Cada pessoa é singular, porém grandes e intensos sentimentos podem aproximar as pessoas, apesar de suas diferenças.

A subjetividade é constituída pelas experiências particulares de cada um e se transforma com o passar do tempo. O modo como cada um experimenta suas vivências, como se sente, como se relaciona consigo mesmo é diferente do outro.

São as nossas experiências subjetivas que nos caracterizam seres singulares em meio a um grupo. Cada pessoa é uma, pois atravessa por diferentes situações e reage de maneira particular a cada uma delas.

Uma questão subjetiva é aquela onde a interpretação varia de pessoa para pessoa, de acordo com suas crenças, conhecimentos e valores. O termo subjetividade é muitas vezes utilizado para expressar sentimentos e valores pessoais.

A ideia do que é verdade ou do que é correto para uma pessoa pode não ser a mesma para a outra. O que é correto ou verdadeiro é uma questão pessoal, depende do modo como cada pessoa percebe e interpreta o mundo, como ela sente e se relaciona com suas vivências e experiências.

"A subjetividade é a verdade."
(Sören Kierkegaard)

Nossos valores e conceitos não são estáticos, assim como nós mudamos, a maneira como interpretamos e sentimos e o que temos por verdade também se transforma. As experiências de vida, o conhecimento e o contato com a diversidade cultural nos possibilita o encontro e a criação novos modos de ser.


Por Bruno Carrasco.

Referências:
BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, M. de Lourdes. Psicologias - uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002.