Artes do século XX

Amarelo-vermelho-azul, Wassily Kandinsky, 1925.

Nas primeiras décadas do século XX, ocorrem intensas mudanças sociais e políticas, além das guerras mundiais, onde a arte se tornou um reflexo de diferentes formas de vida. Surgiram diversos movimentos estéticos inovadores, inclusive vertentes iniciadas por artistas do final do século XIX, que caminharam para a ampliação das maneiras de se conceber e de se fazer arte. Nas artes visuais, movimentos como o Expressionismo, o Cubismo, o Abstracionismo e o Dadaísmo.

O Expressionismo foi um movimento artístico e cultural de vanguarda surgido na Alemanha, envolvendo diversos campos artísticos, como a arquitetura, as artes plásticas, a literatura, a música, o cinema, o teatro, a dança e a fotografia. Este movimento buscava se afastar das perspectivas que privilegiavam a reprodução e a cópia objetiva da natureza, entendendo o ser humano enquanto vivência existencial pré-reflexiva, enquanto potência expressiva do possível.

Destacava a projeção da existência em seus desdobramentos, a abolição do império do princípio da realidade, entendendo que o possível não é da ordem do real, expressando a vivência existencial em sua possibilidade de gerar e regenerar o real, valorizando a subjetividade e a criação humana, dando primazia à expressão de sentimentos em relação à simples descrição objetiva da realidade, onde o pintor representava sua subjetividade, as paixões e o irracional.

Fauvismo é uma corrente artística do início do século XX, que utilizavam em seus quadros cores violentas, de forma arbitrária. Trata-se de um estilo artístico fortemente influenciado pela Revolução Industrial, onde não é mais preciso um estudo profundo, mas ingressar na “corrida artística”. A realidade era deformada com o intuito de gerar o estado de espírito do artista diante do espetáculo oferecido pela natureza em movimento.

Entre suas características estão a simplificação das formas e utilização de cores puras; pouca gradação entre os matizes; uso de pinceladas largas e definitivas, numa forma de espontânea gestualidade; escolha dos matizes sem relação com a realidade, movimento rítmico sugerido pelas linhas, texturas e pela continuidade dos elementos desenhados; impulsividade e experimentação, em vez de exaustivos estudos preparatórios; temas cotidianos com emoções e a alegria de viver; tradução de sensações elementares, no mesmo estado de graça das crianças e dos selvagens.

O Cubismo foi um movimento artístico que surgiu no início do século XX, nas artes plásticas, tendo como principais fundadores Pablo Picasso e Georges Braque. O cubismo tratava as formas da natureza por meio de figuras geométricas, representando as partes de um objeto no mesmo plano. A representação do mundo passava a não ter nenhum compromisso com a aparência real das coisas. Para Cézanne, a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros.

Futurismo foi um movimento artístico e literário surgiu em 1909 com a publicação do "Manifesto Futurista" pelo poeta italiano Filippo Marinetti. Essas explorações tiveram grande repercussão no dadaísmo, no concretismo, na tipografia moderna e pós-moderna. Os futuristas rejeitavam o moralismo e o passado, suas obras baseavam-se na velocidade e no desenvolvimento tecnológico do final do século XIX. Foi um momento de exploração do lúdico, da quebra de hierarquia na tipografia tradicional, com uma predileção pelo uso de onomatopéias.

Sua arte exprimia a desvalorização da tradição e do moralismo, valorizando o desenvolvimento industrial e tecnológico, utilizando onomatopeias (palavras com sonoridade que imitam ruídos, vozes, sons de objetos) nas poesias, poesias com uso de frases fragmentadas para transmitir a ideia de velocidade, e as pinturas com uso de cores vivas e contrastes, sobreposição de imagens, traços e pequenas deformações para passar a ideia de movimento e dinamismo.

O neoplasticismo defendia uma total limpeza espacial para a pintura, reduzindo-a a seus elementos mais puros e buscando suas características mais próprias. A necessidade de ressaltar o aspecto artificial da arte fez com que os artistas deste movimento usassem apenas as cores primárias (vermelho, amarelo, azul) em seu estado máximo de saturação (artificial), assim como o branco e o preto (inexistentes na Natureza, o primeiro sendo presença total e o segundo ausência total de luz).

O abstracionismo refere-se às criações de arte que não se utilizam da figuração ou imitação do mundo, não representam objetos próprios da realidade concreta. Se utiliza das relações entre formas, cores, linhas e superfícies para produzir a obra. Tem seu surgimento com as experiências das vanguardas européias, que rejeitaram a herança renascentista das academias de arte. Valoriza a criação subjetiva destituída de conteúdo, sendo uma oposição ao modelo renascentista, à arte figurativa e/ou naturalista.

O dadaísmo foi um movimento artístico da vanguarda artística moderna, durante a Primeira Guerra Mundial. Formado por um grupo de escritores, poetas e artistas plásticos. A palavra "dada" é utilizada de maneira "nonsense", como a fala de um bebê. O nome foi escolhido aleatoriamente abrindo uma página do dicionário e inserindo um estilete sobre ela, simbolizando o caráter anti racional do movimento.

Os objetos comuns do cotidiano que apresentados de uma nova forma ou com irreverência, dentro de um contexto artístico, combatendo às formas de arte institucionalizadas, criticando o capitalismo e o consumismo, enfatizando o absurdo e temas sem lógica, utilizando vários formatos de expressão (objetos do cotidiano, sons, fotografias, poesias, músicas, jornais, etc.) na composição das obras de artes plásticas, destacando um forte caráter pessimista e irônico, principalmente com relação aos acontecimentos políticos do mundo.

O movimento surrealista surgiu na França, no início do século XX, foi muito influenciado pelas teses psicanalíticas de Sigmund Freud, o pai da psicanálise. O surrealismo mostrava a importância do inconsciente na criatividade do ser humano, questionava as crenças culturais na Europa e a postura do ser humano, entendendo este como um ser vulnerável diante da realidade, que se tornava cada vez mais difícil de se compreender e dominar.

A Op Art é uma forma de arte que explora a falibilidade do olho e o uso de ilusões de ótica. A expressão “op-art” vem do inglês (optical art), que significa “arte óptica”. Defendia a arte como menos expressão e mais visualização. Apesar do rigor com que é construída, simboliza um mundo mutável e instável, que não se mantém nunca igual.

Os trabalhos de op art são em geral abstratos, grande parte das obras usam apenas o preto e o branco. Quando são observados, dão a impressão de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes parecem inchar ou deformar-se. Destacando a tridimensionalidade, efeitos óticos e visuais, movimento e contraste de cores, uso de tons vibrantes (principalmente preto e branco), uso formas geométricas e linhas, apontando o observador como participante, num estilo abstrato.

Pop art foi um movimento artístico que se desenvolveu na década de 1950, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Os artistas deste movimento buscaram inspiração na cultura de massa para criar suas obras de arte, aproximando-se e criticando de forma irônica a vida cotidiana materialista e consumista. Latas de refrigerante, embalagens de produtos, histórias em quadrinhos, bandeiras, panfletos de propagandas serviram de base para a criação artística.

O Novo Realismo foi um movimento artístico foi fundado em 1960 pelo artista Yves Klein e pelo crítico de arte Pierre Restany. Desenvolve-se em França, redefinindo os paradigmas da colagem, do ready-made, e do monocromatismo. Novo realismo, em francês Nouveau Realisme, significa justamente a possibilidade de novas percepções do real. O movimento reúne numerosos artistas que partem da utilização de materiais do cotidiano urbano, reciclados e agregados de modo a criar novos significados, novas formas de perceber e apreender o real.

A Arte Conceitual é uma expressão artística que está mais pautada nos conceitos, reflexões e ideias, em detrimento da própria estética (aparência) da arte. A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser olhada, e passa a ser considerada como idéia e pensamento. Os artistas conceituais preocupam-se em criar reflexões visuais para seus espectadores.

Suas obras exprimiam críticas ao formalismo, ao mercado da arte e ao consumo, se opondo à arte minimalista, popularizando da arte como veículo de comunicação, com obras reflexivas, cultivando uma certa "anti-arte" no sentido formal, rompendo com a arte clássica, utilizando-se de fotografias, textos, vídeos, instalações, performances (teatro, dança).

A expressão "Arte Bruta" foi criada por Jean Dubuffet, pintor francês e crítico da cultura dominante, em 1945, para designar a arte produzida por artistas autodidatas livres de qualquer influência de estilos oficiais. Para Dubuffet, a arte não deveria ser esteticamente agradável e seu desenho enfatizava um processo de criação lento e difícil, rejeitando a facilidade e a impulsividade dos pintores abstratos.

Minimalismo é um movimento artístico e cultural que surgiu nos Estados Unidos no começo da década de 1950. Suas criações faziam uso de poucos elementos fundamentais como base de expressão. Os movimentos minimalistas tiveram grande influência nas artes visuais, no design, na música e na própria tecnologia. O minimalismo nas artes plásticas surge depois do ápice do expressionismo abstrato nos Estados Unidos, movimento que marcou a mudança do eixo artístico mundial da Europa para os Estados Unidos.

Destaca-se a elaboração de obras com o mínimo de recursos, utilização de poucas cores nas pinturas, formas geométricas simples com repetições simétricas, acabamento preciso, purismo funcional e estrutural, criação de músicas com poucas notas musicais, valorizando a repetição sonora e a redução formal e produção de objetos em série, para transmitir ao observador uma percepção nova do ambiente onde estão inseridos.


Por Bruno Carrasco, terapeuta, professor e pesquisador, graduado em Psicologia, licenciado em Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em Ensino de Filosofia, Psicoterapia Fenomenológico Existencial e Aconselhamento Filosófico. Nos últimos anos se dedica a pesquisar sobre filosofia da diferença e psicologia crítica.

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