Educação na Antiguidade


Conhecer a história da educação nos possibilita compreender melhor as condições sociais de cada época que influenciaram as práticas pedagógicas, entendendo a educação como um processo histórico, e conhecendo as transformações no processo de ensino e aprendizagem, e o sentido da educação.

Na Antiguidade, entre o século VIII a.C. ao século V d.C., a educação tem influências da cultura e os valores dos povos gregos e romanos, caracterizados por sociedades escravistas, onde o trabalho manual era desvalorizado e a atividade intelectual era restrita a aristocracia.

Na Grécia antiga, a pedagogia se funde com a filosofia, valorizando o modelo de homem racional. O modelo de educação e formação ética era chamado de paidéia, e envolvia valores como a cultura, a civilização, a tradição, a literatura e a educação. Já em Roma o modelo de educação se aproxima mais de uma formação moral.

Entre os temas que envolviam a educação na Grécia antiga estavam a Gramática, a Ginástica, a Retórica, a Música, a Matemática, a Geografia, a História Natural e a Filosofia, sendo o intuito da educação promover a formação de um cidadão perfeito e completo, capaz de liderar e ser liderado.

Em Atenas as meninas tinham formação para afazeres domésticos e os meninos recebiam formação no campo da educação física, moral e estética, música e alfabetização. Por volta dos 13 anos, as crianças mais simples buscavam um ofício, as de famílias mais abastadas continuavam seus estudos. Dos 16 aos 18 anos havia a educação secundária, depois dos 18 anos surge a educação Superior com os sofistas, com estudos sobre gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria, astronomia e a música.

As características do ideal grego de educação eram os cuidados com o corpo e a beleza, a desvalorização do trabalho manual (pois havia o predomínio de escravos na Grécia para tais atividades), diferentes tendências de educação e valorização intensa da racionalidade. Foi na Grécia antiga que tivemos o desenvolvimento das primeiras concepções de atividade pedagógica, que depois influenciaram a cultura ocidental até os dias de hoje.

Em Esparta, a educação era caracterizada pela militarização, valorizando as atividades guerreiras, rigidez e severidade. Até os 7 anos as crianças permaneciam sob cuidados das famílias, dos 7 aos 12 anos a educação era obrigatória com atividades com música, canto e dança. Depois dos 12 anos a formação se torna um treino militar, envolvendo suportar fome, frio, desconforto, obediência e respeito aos mais velhos. As mulheres participavam das atividades físicas, incentivadas a cuidarem da saúde e do corpo para gerir filhos sadios e guerreiros.

A educação em Roma, entre 753 a 509 a.C., era destinada somente aos cidadãos que constituíam a aristocracia, tendo como característica a manutenção dos valores aristocráticos consanguíneos e cultuando os ancestrais de família.

Até os 7 anos, as crianças permaneciam aos cuidados da família, sendo cuidados pela figura fenimina. Depois desta idade, os meninos desenvolviam habilidades de cuidado com a terra, leitura, escrita, fazer contas, manejar armas, nadar, lutar, dominar o cavalo, participando de acontecimentos importantes e aprendendo as leis. Depois dos 16 anos, iniciava a formação militar ou política, com uma educação marcada pela moral. As meninas se focavam apenas com as atividades domésticas.

Depois do século IV a.C., a aprendizagem acontecia por atividades lúdicas, os instrutores eram pessoas mal remuneradas e muito simples, não haviam organizações curriculares, e as atividades envolviam leitura, escrita e habilidades com as contas. Entre os séculos III e II a.C., com a expansão territorial do império romano e o contato com os povos helênicos, os conhecimentos dos gregos são agregados como a geografia, a aritmética, a geometria e a astronomia.

Com a necessidade de desenvolver a retórica os jovens da elite romana passam a estudar com professores bem remunerados, no século I a.C., estudando política, filosofia e direito, além das disciplinas enciclopédicas. Neste momento, as atividades educativas eram restritas às elites, que desconsideravam os trabalhos manuais, que eram realizados pelos escravos.

No período de 27 a.C. à 476 d.C., o Império Romano aumenta cada vez mais seus funcionários e impostos, o Estado passa a intervir nas questões da educação, inclusive exigindo escolaridade mínima para seus funcionários. São criadas escolas municipais em todo império, oferecendo inclusive alimentação para estudantes pobres, desenvolvendo a educação terciária, nas áreas de medicina, matemática, mecânica e direito, e criação de bibliotecas.


Por Bruno Carrasco.

Referências:
ARANHA, Maria Lúcia. História da Educação e da Pedagogia: Geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2012.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 1981.