O que é Humanismo?

(Mona Lisa, Leonardo da Vinci, 1506)

O humanismo corresponde a um movimento cultural, artístico e filosófico que possibilitou um novo olhar para o ser humano e para a posição que este ocupa no mundo. Aparece fortemente na cultura ocidental durante o período do Renascimento, na Europa entre os séculos XV e XVI.

Após o período da Idade Média, onde a tendência era entender e representar o mundo por meio da fé católica, no Renascimento a filosofia, as artes e os valores greco-romanas são retomados, dando maior acento ao ser humano e seu potencial para entender e transformar o mundo.

Este movimento se relaciona com a nova concepção de ser humano, com o antropocentrismo, que coloca o ser humano como centro e figura principal do mundo, retomando o pensamento do filósofo grego Protágoras, do século V a.C., rompendo com o teocentrismo e com a teologia medieval.
"O homem é a medida de todas as coisas."
(Protágoras)
Trata-se de um movimento de interesse e valorização do homem em si mesmo, nas obras literárias, nas artes e na filosofia. Uma das obras mais famosas desta época é a 'Mona Lisa' (1503), do pintor italiano Leonardo da Vinci, onde representa uma mulher simples, esposa de um comerciante.

A obra e o ideal desta época era destacar a dignidade humana, entendendo que o ser humano possui uma beleza própria, de modo que passa a ser representado nas obras, no lugar dos santos e dos reis. Os artistas pretendiam reviver a estética idealizada do período clássico greco-romano.

Não quer dizer que a crença e a fé em Deus tenha desaparecido, mas passou a se entender Deus como criador do mundo e o ser humano como aquele responsável por cuidar do mundo. O período do Renascimento se situa historicamente após a Idade Média e anterior a Idade Moderna.

A arte do Renascimento tem como características a perfeição, racionalidade, simplicidade, uso de contraste e profundidade, tendo como foco o corpo humano, buscando representar as coisas como são vistas na realidade, valorizando o homem e a natureza em oposição ao divino e ao espiritual.
"O Renascimento foi, por tudo isto, um período muito rico em variedade de formas e experiências e de produção intensa de conhecimento. O contato com a diversidade das coisas, dos homens e das culturas impôs novos modos de ser."
(Ribeiro & Santi, em 'Psicologia, uma (nova) introdução')
Alguns livros importantes desse período são 'O elogio da loucura' (1511), de Erasmo de Roterdã, onde o autor defende uma sabedoria natural e intuitiva, e 'Ensaios' (1580-88), de Michel de Montaigne, que comenta sobre seus próprios pensamentos partindo de sua experiência de vida, sem nenhuma pretensão teórica ou sistemática.

Esse novo olhar para o ser humano entende que ele é livre para seguir o seu caminho, favorecendo as virtudes entendidas como naturais dos seres humanos, propondo uma nova maneira de se olhar para o ser humano, onde se valoriza a razão e a liberdade

O humanismo representa, portanto, a retomada da cultura greco-romana, a valorização das capacidades artísticas e intelectuais dos seres humanos, o interesse por elementos culturais como a literatura e artes plásticas, o respeito, a justiça, o amor e a liberdade.
"O movimento humanista tornou-se muito forte, por volta do ano de 1960, configurando-se como uma espécie de reação produzida contra o behaviorismo e contra a psicanálise. Liderado por Maslow, logo centralizou-se em Rogers, valendo citar-se ainda a contribuição de Rollo May. Sobre Rogers, vale que se ressalte sua posição assumida em favor do conceito de homem como um ser livre, posição que procurou defender em célebre debater com Skinner."
(Antonio Gomes Penna, em 'Introdução à Psicologia Fenomenológica')

Por Bruno Carrasco, terapeuta, professor e pesquisador, graduado em Psicologia, licenciado em Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em Ensino de Filosofia, Psicoterapia Fenomenológico Existencial e Aconselhamento Filosófico. Nos últimos anos se dedica a pesquisar sobre filosofia da diferença e psicologia crítica.

Referências:
COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2013.
FIGUEIREDO, Luiz Cláudio; SANTI, Pedro Luiz. Psicologia, uma (nova) introdução: uma visão histórica da psicologia como ciência. 2. ed. São Paulo: Educ, 2004.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 12 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
PENNA, Antonio Gomes. Introdução à Psicologia Fenomenológica. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001.
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