Para que serve a psicoterapia?


A psicoterapia é um procedimento que visa auxiliar uma pessoa a lidar com seus sofrimentos emocionais e angústias de maneira saudável, colaborando para o seu autoconhecimento, autopercepção, autoestima e desenvolvimento pessoal.

Tem momentos que nos sentimos muito tristes, angustiados, ou insatisfeitos com o que a vida que estamos levando, e nem sempre conseguimos mudar por conta própria. Uma tristeza permanente, constantes experiências de decepções e frustrações, ou o sentimento de insatisfação frequente podem, com o tempo, resultar em sofrimento intenso, nos deixando paralisados com relação a nós mesmos e com a nossa vida.

O psicoterapeuta é um profissional com formação específica para lidar com essas situações que, por meio do contato com a pessoa atendida, busca compreender mais profundamente o que está vivenciando e sentindo, buscando ampliar suas percepções sobre si mesma e proporcionar novos modos de reagir diante das situações que nos atormentam.

A psicoterapia pode ser útil em diversos momentos, entre eles:
  • Dificuldades no relacionamento interpessoal, seja no relacionamento amoroso, com a família, amigos ou no ambiente de trabalho; 
  • Sentimentos de tristeza, ansiedade, insegurança, angústia, estresse, raiva ou medo constantes ou intensos;
  • Momentos de difíceis escolhas, tal como situações de necessidade ou desejo de mudança de casa, trabalho, faculdade, relacionamento, etc.;
  • Dificuldade de perceber e comunicar o que deseja, o modo como se sente, e o que quer para si mesmo ou para os outros;
  • Lembranças constantes de conflitos mal resolvidos, perdas, separações, lutos, etc.;
  • Sensações de desesperança, abandono, rejeição, inadequação, desamparo ou vazio existencial;
  • Desejo de autoconhecimento, desenvolvimento pessoal, ou autopercepção;

A psicoterapia implica numa escuta atenta, cuidadosa e terapêutica. Trata-se de uma terapia por meio da fala, onde a pessoa atendida se encontra num ambiente seguro e sigiloso, para que possa se expressar do modo como sente, sobre suas angústias, medos e desejos mais profundos. O trabalho do psicoterapeuta é de reconhecer, compreender e reorganizar o conteúdo trazido pela pessoa atendida.

A psicoterapia nos possibilita perceber melhor o que estamos sentindo, rever o que estamos fazendo de nossa vida, reavaliar nossas escolhas, reconhecer nossas dificuldades e potencialidades, desenvolvendo uma autonomia suficiente para fazer escolhas mais saudáveis e afirmativas na vida.

Existem diversos modelos de psicoterapia, que variam de acordo com a abordagem teórico-prática adotada pelo psicoterapeuta. Entre as mais conhecidas estão a Psicanálise, a Cognitivo-Comportamental e as vertentes Humanista e Existencial. Porém há muitas outras, neste texto comentarei brevemente sobre a psicanalítica, a comportamental e a existencial.

Na abordagem psicanalítica, o psicoterapeuta se coloca à escuta de nossos dilemas, sofrimentos, traumas passados, sonhos, medos e aflições. Em sua escuta, ele busca interpretar os significados inconscientes do que dizemos, segundo os conceitos da psicanálise, que envolvem o id, ego e superego, complexo de édipo, desenvolvimento psicossexual, catarse, mecanismos de defesa, entre outros.

O psicoterapeuta comportamental, segue uma linha muito mais objetiva, prática e cientificista da psicologia, que observa nossos comportamentos e falas interpretando-os segundo as classificações de doenças mentais estabelecidas por manuais mundialmente utilizados, como o DSM V e o CID 10. Ele escuta a pessoa buscando compreender suas dificuldades e sugerindo ações para a resolução, de acordo com cada caso.

Já o psicoterapeuta existencial, se coloca à disposição de escutar a pessoa tal como ela se mostra, com liberdade para que se expresse autenticamente como se sente ou como deseja ser, respeitando sua singularidade e seus modos de ser, sem julgamentos o suposições sobre a pessoa. Suas angústias não são vistas como uma doença ou um problema, mas como uma expressão de seus conflitos existenciais, que merecem cuidado e atenção.

A terapia existencial valoriza a liberdade da pessoa ser como ela se sente bem sendo, incentivando o desenvolvimento de suas potencialidades e sua autonomia para lidar com as dificuldades que atravessa. Durante a terapia, busca-se permitir a pessoa atendida expressar livremente sobre seus desejos e angústias, possibilitando uma maior conscientização de si mesma, para que se torne autora de sua própria existência.
"O principal objetivo da psicoterapia existencial é proporcionar uma maximização da autoconsciência para favorecer um aumento do potencial de escolha; é proporcionar uma ajuda efetiva ao cliente no sentido de descobrir-se e autogerir-se; é ajudá-lo a aceitar os riscos de suas próprias decisões responsáveis, enfim, de aceitar a liberdade de ser capaz de utilizar suas próprias capacidades para existir."
(Tereza Cristina Saldanha Erthal, em "Terapia Vivencial: uma abordagem existencial em psicoterapia", 1989)

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