A terapia, na abordagem existencial, trata-se de uma possibilidade para se tomar contato consigo mesmo, com seus afetos e sentidos, tendo como intuito se perceber e se colocar como protagonista de sua vida, expandindo ossibilidades de ser, se abrindo para experienciar a vida.
Segundo o existencialismo, a existência é um processo e não algo estático, acontece em movimento sempre em transformação. Conhecer sobre si mesmo, é entender o ser que se forma e se transforma na relação com as pessoas, com os espaços, com os objetos e consigo mesmo, relação que vai desenhando sua história, seus valores e experiências.
Não há uma essência ou um conceito que defina o ser antes de sua existência, com essa constatação compreende que o ser é aquele que se torna o que fizer de si, deste modo a terapia, ou seja, o cuidado com o ser, é possível. O ser não surge pronto e não precisa viver de um modo específico, cada um se tornará o que fizer de sua vida.
Por conta disso, não há como saber de antemão quais as buscas, os motivos e as expectativas que movem cada pessoa. Inclusive, não há como se utilizar saberes prévios sobre o modo de ser de uma pessoa que não conhecemos, seus sentimentos ou desejos.
Por conta disso, não há como saber de antemão quais as buscas, os motivos e as expectativas que movem cada pessoa. Inclusive, não há como se utilizar saberes prévios sobre o modo de ser de uma pessoa que não conhecemos, seus sentimentos ou desejos.
Deste modo, a terapia valoriza a liberdade de ser e a singularidade de cada um. Seu intuito não é encaminhar ou aconselhar as pessoas a um modo de ser "correto" ou "adequado", mas proporcionar o contato com o seu modo próprio de ser.
A terapia existencial não parte de algo previamente definido, ela não escuta a pessoa para "descobrir" seus "sintomas", não parte de um pressuposto do que seja "adequado" ou "inadequado" e não serve para dar "conselhos" sobre como viver bem. É, portanto, uma terapia que se abre para descobrir e conhecer a pessoa que se mostra, de seu modo.
Essa proposta terapêutica é diferente da ideia de que o terapeuta irá resolver todos os problemas, nos ensinar a controlar a ansiedade ou nos orientar sobre como educar nossos filhos corretamente. O olhar existencial busca a singularidade e a valorização dos diferentes modos de ser de cada um.
Deste modo, valoriza a nossa autonomia e a nossa capacidade de resolver as nossas dificuldades emocionais. Este modelo de terapia não é nenhuma "salvação", mas uma possibilidade permissiva de ser como somos. sem máscaras. Ela nos possibilita entrar em contato com nossas angústias e sofrimentos, e também com nossas alegrias e desejos!
Assim passamos a compreender melhor nossos sentimentos, nossos valores, nossas buscas e que nos faz sentido. Estimulando a nossa autonomia para fazermos escolhas mais autênticas e lidar com o que nos atormenta.
Uma vida "equilibrada" e uma "inteligência emocional", certamente não é o que a terapia existencial oferece. Viver não é algo equilibrado, viver é correr riscos, se desequilibrar e se re-equilibrar. Nossos sentimentos não são controláveis tal como controlamos um aparelho eletrônico, mas podemos percebê-los, nos aproximar deles e permitir que eles se expressem, seja por meio da fala ou da arte.
Deste modo, uma terapia como abertura, tende a fomentar uma vida como abertura, de modo a viver a vida como uma experimentação, tomando contato com nossa própria existência e explorando as possibilidades que nos surgem, percebendo nossos sentimentos e possibilidades.
"Aventurar-se no sentido mais elevado é precisamente tomar consciência de si próprio."
(Kierkegaard)
Tudo isso é o que alegra e fascina nesta abordagem de terapia, que entre tantas opções escolhe a existência como ponto de partida. Não parte de algo que esteja fora do ser, mas se direciona para o ser que se mostra, aberta para conhecer, curiosa e entusiasmada.
A terapia é uma abertura ao ser que se mostra, que se revela, e se aprofunda a cada momento. Seu caminho dependerá da busca de cada um, não há um caminho definido. O caminho é trilhado em conjunto com o terapeuta em cada atendimento, podendo mudar sua direção de acordo com as circunstâncias ou necessidades que surgirem.
Por Bruno Carrasco.