Assim Falou Zaratustra - Nietzsche


O livro Assim Falou Zaratustra (Also sprach Zarathustra) foi escrito entre 1883 e 1885 pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que narra as andanças e ensinamentos de um filósofo, que se autonomeou Zaratustra, expressando muitas das concepções de Nietzsche em forma poética e em aforismos.

Alguns fragmentos do livro:


ASSIM FALOU ZARATUSTRA (1883/85)
Um Livro para Todos e Ninguém


É de companhia viva para a viagem que se precisa.

Não é ao povo que se deve falar Zaratustra, mas a companheiros.

O quebrador de todas as tábuas de valores, o infrator, é este o criador.
Contra os que se denominam bons e justos.

O homem é uma corda, atada entre o animal e o além-do-homem - uma corda sobre um abismo.

Perigosa travessia, perigoso a-caminho, perigoso olhar-para-trás, perigoso arrepiar-se e parar.

Amo aquele que açoita seu deus, porque ama seu deus: pois tem de ir ao fundo pela ira de seu deus.

Aquele que quebra suas tábuas de valores, o quebrador, o infrator: - mas este é o criador.

Estado chama-se o mais frio de todos os monstros frios. Friamente também ele mente; e esta mentira rasteja de tua boca: "Eu, o Estado, sou o povo".

Mas o estado mente em todas as línguas de bem e mal; e, fale ele o que for, ele mente - e o que quer que ele tenha, ele roubou.

Falso é tudo nele; com dentes roubados ele morde, esse mordaz. Falsas são até mesmo suas vísceras.

São demasiado muitos os que nascem: para os supérfluos foi criado o Estado!

Valores foi somente o homem que pôs nas coisas, para se conservar - foi ele somente que criou sentido para as coisas, um sentido de homem! Por isso ele se chama de "homem", isto é: o estimador.

Mutação dos valores - essa é a mutação daqueles que criam. Sempre aniquila, quem quer ser um criador.

Inesgotados e inexplorados estão ainda o homem e a terra do homem.

Querer liberta: eis a verdadeira doutrina da vontade e da liberdade - assim Zaratustra a ensina a vós.
A vontade de potência - a inesgotável e geradora vontade de vida.

Sim, mesmo quando manda em si próprio: também aqui tem ainda de pagar pelo mando. Por sua própria lei ele tem de se tornar juiz e vingador e vítima.

Onde encontrei vida, ali encontrei vontade de potência; e até mesmo na vontade daquele que serve encontrei a vontade de ser senhor.

Somente, onde há vida, há também vontade.

Amar e sucumbir: isso rima desde eternidades. Vontade de amor: isto é, estar disposto também para a morte. Assim falo eu aos covardes que sois!

O estado mente ser o povo.

O estado mente em todas línguas de bem e mal, fale o que for ele mente, e o que quer que ele tenha, ele roubou.

São demasiado muitos os que nascem: para os supérfluos foi criado o Estado!