Sócrates

Nascido em Atenas, Sócrates é tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia grega. Ele abandonou a preocupação dos filósofos pré-socráticos em explicar a natureza e concentrou-se na problemática do ser humano, dos valores e do conhecimento.

Foi filho de um escultor e uma parteira – herança que o levou a buscar esculpir, simbolicamente, uma representação autêntica do ser humano e a ajudar seus discípulos a dar à luz suas próprias ideias.

"Conhece-te a ti mesmo."
(Sócrates)

O próprio Sócrates, não deixou nada escrito. o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários.

Ele procurava um fundamento para as interrogações humanas, tais como: o que é o bem? o que é a virtude? o que é a justiça? Buscando a investigação de uma essência (da virtude, da justiça, do bem) a partir da qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada.

A filosofia de Sócrates era desenvolvida mediante o diálogo crítico (ou dialética) com seus interlocutores, o qual pode ser dividido em dois momentos básicos:

Refutação ou ironia – etapa em que o filósofo interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber, formulando-lhes perguntas e procurando evidenciar suas contradições. Seu objetivo era fazê-los tomar consciência profunda de suas próprias respostas, das consequências que poderiam ser tiradas de suas reflexões, muitas vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos;

Maiêutica – etapa em que ele propunha aos discípulos uma nova série de questões, com o objetivo de ajudá-los a conceber ou reconstruir suas próprias ideias. Por isso, essa fase é chamada de maiêutica, termo que em grego significa “arte de trazer à luz”.

"Só sei que nada sei."
(Sócrates)

O método socrático propõe um questionamento do senso comum, das crenças e opiniões que temos, consideradas derivadas de nossa experiência, e portanto parciais, incompletas. Sócrates vai mostrar que, com frequência, não sabemos aquilo que pensamos saber. O método socrático revela a fragilidade desse entendimento e aponta para a necessidade aperfeiçoá-lo através da reflexão.

A definição correta nunca é dada por Sócrates, mas é através do diálogo, e da discussão, que fará com que seu interlocutor – ao cair em contradição, ao hesitar quando parecia seguro – passe por todo um processo de revisão de suas crenças, opiniões, transformando sua maneira de ver as coisas e chegando, por si mesmo, ao verdadeiro e autêntico conhecimento.

Sócrates caracterizou seu método como maiêutica, significa a arte de fazer o parto, uma analogia com o ofício de sua mãe, que era parteira. Ele se considerava um parteiro de ideias. O papel do filósofo, portanto, não é transmitir um saber pronto e acabado, mas fazer com que outro indivíduo, seu interlocutor, através da dialética, da discussão no diálogo, dê à luz suas próprias ideias.

Ele não fundou nenhuma escola filosófica, mas debatia suas reflexões em praça pública. Por conta de sua consciência crítica e gerar questionamentos dos cidadãos, foi acusado por não acreditar nos deuses e corromper os jovens. Foi condenado à morte e aceitou sua condenação, mantendo-se coerente com seus princípios.

Por Bruno Carrasco.

Referência:
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2013.