Frases de Gilles Deleuze


Gilles Deleuze (1925-1995) foi filósofo francês, tendo sido professor de História da Filosofia na Universidade de Lyon. Criou diversos conceitos, como "máquinas desejantes", "corpo sem órgãos", "desterritorialização", "rizoma", "ritornelo", mas nunca buscou transformá-los em "verdades". Sua filosofia é considerada como uma filosofia do desejo. Suas principais influências são Friedrich Nietzsche, Henri Bergson, Baruch de Spinoza, Michel Foucault e Antonin Artaud.

"A literatura é uma saúde."
(em 'A imagem-tempo')
"A filosofia é a criação de conceitos."
(em 'O que é a filosofia?')
"A doença não é processo, mas paragem do processo."
(em 'A literatura e a vida')
"Como as potências não se contentam em ser exteriores, mas também passam por cada um de nós, é cada um de nós que, graças à filosofia, encontra-se incessantemente em conversações e em guerrilha consigo mesmo."
(em ‘Conversações’)
"O mundo é o conjunto dos sintomas cuja doença se confunde com o homem."
(em 'A literatura e a vida')
"O escritor como tal não é doente, mas médico, médico de si próprio e do mundo."
(em 'A literatura e a vida')
"A saúde como literatura, como escrita, consiste em inventar um povo que falta."
(em 'A literatura e a vida')
"A literatura é delírio, mas o delírio não é um assunto de pai-mãe: não há delírio que não passe pelos povos, pelas raças e as tribos, e que não habite a história universal. Todo o delírio é histórico-mundial."
(em 'A literatura e a vida')
"Para escrever, talvez seja necessário que a língua materna seja odiosa, mas de maneira tal que uma criação sintáctica trace aí uma espécie de língua estrangeira, e que a linguagem toda inteira revele o seu lado de fora, para além de toda a sintaxe."
(em 'A literatura e a vida')

"Uma vida não contém nada mais que virtuais. Ela é feita de virtualidades, acontecimentos, singularidades. Aquilo que chamamos de virtual não é algo ao qual falte realidade, mas que se envolve em um processo de atualização ao seguir o plano que lhe dá sua realidade própria."
(em 'A imanência: uma vida...')

"Escrever é uma questão de devir, sempre inacabado, sempre a fazer-se, que extravasa toda a matéria vivível ou vivida. É um processo, quer dizer, uma passagem de Vida que atravessa o vivível e o vivido. A escrita é inseparável do devir: ao escrevermos, devimos-mulher, devimos-animal ou vegetal, devimos-molécula até devir-imperceptível."
(em 'A literatura e a vida')
"O verdadeiro charme das pessoas reside em quando elas perdem as estribeiras, quando não sabem muito bem em que ponto estão. Não são pessoas que desmoronam, pelo contrário, nunca desmoronam. Mas se não captar a pequena marca de loucura de alguém, não pode gostar desse alguém. É exatamente este lado que interessa. E todos nós somos meio dementes. (...) aliás, fico feliz em constatar que o ponto de demência de alguém seja a fonte do seu charme."
(em 'O abecedário de Gilles Deleuze')
"Informar é fazer circular uma palavra de ordem, ou seja, quando nos informam alguma coisa, nos dizem o que julgam que devemos crer. As declarações da polícia são chamadas, a justo título, comunicados. Elas nos comunicam informações, nos dizem aquilo que julgam que somos capazes ou devemos ou temos a obrigação de crer. Ou nem mesmo crer, mas fazer como se acreditássemos. Não nos pedem para crer, mas para nos comportar como se crêssemos. Isso é informação, isso é comunicação. O que equivale a dizer que a informação é exatamente o sistema de controle."
(em 'O ato de criação')
"Quando alguém pergunta para que serve a filosofia, a resposta deve ser agressiva, visto que a pergunta pretende-se irônica e mordaz. A filosofia não serve nem ao Estado, nem à Igreja, que têm outras preocupações. Não serve a nenhum poder estabelecido. A filosofia serve para entristecer. Uma filosofia que não entristece a ninguém e não contraria ninguém, não é uma filosofia. A filosofia serve para prejudicar a tolice, faz da tolice algo de vergonhoso. Não tem outra serventia a não ser a seguinte: denunciar a baixeza do pensamento sob todas as suas formas. Existe alguma disciplina, além da filosofia, que se proponha a criticar todas as mistificações, quaisquer que sejam sua fonte e seu objetivo? Denunciar todas as ficções sem as quais as forças reativas não prevaleceriam. Denunciar, na mistificação, essa mistura de baixeza e tolice que forma tão bem a espantosa cumplicidade das vítimas e dos algozes. Fazer, enfim, do pensamento algo agressivo, ativo, afirmativo. Fazer homens livres, isto é, homens que não confundam os fins da cultura com o proveito do Estado, da moral, da religião."
(em 'Nietzsche e a filosofia', 1976)
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