O ciclo da angústia


Não obstante em inúmeros momentos somos assolados por uma angústia inexplicável, um sentimento arrebatador que aperta o nosso amago e não mais tardar esvai-se sem causas pontuais. Essa angústia desconhecida assolam todos os homens, porém, com recorrência e intensidades diferentes.

Ao sermos concebidos somos retirados de um casulo de proteção e escuridão, somos expostos desnudos a um novo mundo, a luz e ao desconhecido, esse processo é a primazia do sofrimento e angustia que recorrentemente nos assolará ao longo das diversas fases da nossa experiência quanto homem. Todavia, o homem contemporâneo possui sua infância protegida por uma redoma translucida, chamada família e religião. Os tutelares do indivíduo tendem a protege-los do desconhecido atribuindo a eles conceitos dogmáticos – comportamento, crenças, ética -, o que direciona o indivíduo a um caminho pré-determinado, sendo grande gerador de angústia.

Conforme o homem contemporâneo transpõe a idade infantil e inicia sua jornada “solitária” recorrentemente o mesmo é acometido por essa angústia, buscando aconchego nos seus dogmas, normas comportamentais e ética, todavia, isso só afasta a angústia e jamais a cura por completo. Diante de uma filosofia trancada no cume de uma torre chamada universidade, o homem caminha sem questionar-se, sem compreender-se.

Porém, acontecem casos raros de indivíduos que ou não tiveram uma condução em suas vidas por tutores, ou conseguem por si só compreender a angústia que sentem e consequentemente descordam dos artífices a eles impostos. A compreensão do que é a angústia não diminui a existência dela, pelo contrário aumenta ainda mais o engodo no espirito humano, quando o homem contemporâneo compreende a si mesmo e conclui que sua existência é vazia, que forças intocadas não possam ser responsabilizadas por seus próprios atos, o homem sente-se traído pelos embustes sociais, perdido, fraco e sozinho. Todavia, se superar o sentimento de inercia que o assola e abraçar uma diretriz a si mesmo, talvez este consiga manter-se em movimento.

Diante disso, temos um paradoxo que a compreensão de si mesmo produz mais angústia, enquanto, se o homem ignorar a angústia recorrente em seu coração e espirito, este jamais saberá o motivo e não compreendera a si mesmo, porém continuará sofrendo. Ou seja, viver é um ciclo vicioso de um sofrimento que terminantemente desejamos esconder e expurgar inutilmente formando um ciclo de angústia, isto é, o ciclo da angústia.


Texto por: Victor H M Chab.
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