A ciência, de um modo geral, tem como intuito entender e explicar as normas, teorias, leis e verdades gerais sobre as coisas e sobre o mundo. Já o existencialismo busca compreender a existência humana, partindo do indivíduo singular, ao invés do geral e universal.
O intuito do existencialismo é compreender a existência particular de cada pessoa, sem a busca de generalizar ou encontrar verdades iguais para todos, pois cada pessoa é entendida como uma existência singular com particularidades próprias que não são gerais.
As teorias científicas sobre o ser humano buscam explicar a pessoa de um modo generalista, sobre o modo como "todas" as pessoas se comportam em certas situações, por exemplo, sendo assim pouco dizem sobre uma pessoa em específico.
O existencialismo tece algumas críticas à ciência, em seu método rigoroso e matemático, ao ser aplicado aos seres humanos, pois entende que ela, na busca do geral e universal, acaba por deixar de lado o particular e singular, excluindo o indivíduo particular de suas teorias em lugar das generalizações.
Além disso, o existencialismo não tem como intuito "decifrar" as verdades sobre o ser humano, mas compreender suas particularidades, entende que uma pessoa não pode ser resumida em cálculos e fórmulas, a existência de cada um é muito mais ampla do que qualquer sistema explicativo sobre ela.
Enquanto a ciência pretende explicar as pessoas por um âmbito natural, geral e universal, os existencialistas buscam compreender cada pessoa levando em conta suas histórias de vida, seus valores e conceitos, seus afetos e desafetos e toda a sua subjetividade privada, ou seja, o que torna cada pessoa um ser singular em meio às outras.
A ciência busca as verdades sobre os fatos, constâncias e possibilidades de controlar as situações. Já o existencialismo não tem o menor interesse em verdades ou controle, sua busca está mais para compreender a existência humana, em suas diferentes nuances e possibilidades.
Quando Sartre diz que "a existência precede a essência", significa que não há nada que determine os modos de ser de uma pessoa antes de sua existência concreta, e nisso está implícito a impossibilidade de se construir uma ciência que busca estabelecer "verdades absolutas" com relação aos modos de ser de cada pessoa, em especial a subjetividade, por ser singular.
Deste modo, o existencialismo não é uma ciência, mas uma vertente filosófica que busca compreender a existência humana em seus aspectos concreto e singular, não com a intenção de estabelecer "verdades universais", pois entende que cada pessoa é uma e se difere das outras, além disso se transforma no tempo e espaço.
O existencialismo não deixa de ter seu valor por não ser uma ciência, pelo contrário, tem seu valor justamente por não ser uma ciência, numa época onde somente os saberes científicos são valorizados, é necessário se refletir sobre esses valores.
A ciência não é o único caminho para compreender o mundo e as pessoas, há uma diversidade de saberes que também nos colaboram para isso, como as manifestações artísticas, a história, a filosofia e os saberes mitológicos.
O que tem a pretensão de ser uma ciência da subjetividade, e se relaciona com o existencialismo, é a fenomenologia, que compõe um método para analisar o fenômeno da subjetividade com rigor científico, porém diferente das propostas de ciência positivista.
Por Bruno Carrasco.