Escola de Frankfurt


Escola de Frankfurt é o nome de um grupo de filósofos, sociólogos, e cientistas políticos que se reuniam no Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, fundado em 1924, na Alemanha, com o intuito de estudar distintos aspectos da vida social contemporânea, com influências de Karl Marx (1818-1883) e de Sigmund Freud (1856-1939).

Entre seus membros destacaram-se Theodor Adorno (1903-1969), Max Horkheimer (1895-1973), Walter Benjamin (1892-1940), Erich Fromm (1900-1980) e Jürgen Habermas (1929-), que  desenvolveram uma teoria crítica sobre a sociedade, investigando as relações entre a história, a economia, a psicologia e a antropologia, buscando compreender o modo como funciona a sociedade.

Eles não se colocaram como meros comentadores ou intérpretes dos pensamentos de Marx ou Freud, mas buscaram inspirações para fazer uma análise da sociedade contemporânea, analisando o contexto social e cultural que proporcionou o surgimento e a manutenção dos valores e da concepção de mundo nas sociedades industriais avançadas.

A crítica principal dessa escola está relacionada ao uso massificado da racionalidade técnica e instrumental que, segundo estes pesquisadores, teria dominado e controlado a sociedade moderna após a Revolução Industrial. Habermas defende a necessidade de desenvolver uma razão emancipadora, a partir da crítica da dominação e do controle em massa, favorecendo a comunicação e a busca do consenso entre os indivíduos.

Entre os principais termos utilizados para destacar essa dominação técnica estão a indústria cultural, e a cultura de massa, que correspondem ao uso da arte e da cultura para a produção de mecanismos de entretenimento, produzindo indivíduos alienados, focados apenas no trabalho e na indústria do entretenimento, deixando de lado as questões políticas e os problemas sociais.

Grande parte desses filósofos entendem que o avanço tecnológico foi colocado a serviço da reprodução da lógica capitalista, enquanto que o consumo e a diversão passaram a ser promovidos como meios para anestesiar, apaziguar e diluir os problemas sociais. Essa cultura de massa caracteriza o modo de ser de nossa sociedade atual, apolítica, apática e alienada. 

De acordo com Max Horkheimer e Theodor Adorno, a razão proposta pelo Iluminismo, que acreditava na emancipação dos indivíduos e no progresso, acabou gerando uma dominação das pessoas por meio do desenvolvimento tecnológico e científico. Horkheimer aponta o problema no surgimento de uma razão instrumental na Idade Moderna, que busca a dominação da natureza e o próprio ser humano.
“Parece que enquanto o conhecimento técnico expande o horizonte da atividade e do pensamento humano, a autonomia do homem enquanto indivíduo, a sua capacidade de opor resistência ao crescente mecanismo de manipulação de massas, o seu poder de imaginação e o seu juízo independente sofreram uma redução. O avanço dos recursos técnicos de informação se acompanha de um processo de desumanização.”
(Max Horkheimer, em 'Eclipse da razão', 1946) 
O termo "indústria cultural" é utilizado para se referir a indústria da diversão e do entretenimento de massa, veiculada pela televisão, cinema, rádio, revistas, jornais, músicas, entre outros. Acreditava-se que, por meio da indústria cultural, seria possível promover uma homogeneização dos comportamentos e a massificação das pessoas, desmerecendo suas subjetividades e individualidades.

Porém, nem todos os estudiosos de Frankfurt tinham a mesma leitura, Walter Benjamin, por exemplo, não concordava totalmente com esses autores, ele tinha uma visão mais otimista sobre a indústria cultural, acreditando que a arte disponível às massas poderia ser usada como instrumento de politização. Ele era esperançoso com a possibilidade da arte se tornar acessível a todas as pessoas, por meio do desenvolvimento das técnicas de reprodução.

O filósofo e sociólogo alemão, Jürgen Habermas, um dos pensadores de maior influência nas últimas décadas, faz parte da segundo geração da escola de Frankfurt. Segundo ele, o projeto da modernidade ainda não foi realizado, e a possibilidade da racionalização do mundo ainda não está esgotado.

Para Habermas, a razão dialógica, surge por meio do diálogo e da argumentação entre os interessados em determinada situação. É uma razão que surge da comunicação, do uso da linguagem e do diálogo como meio de se alcançar o consenso. Porém, para que seja possível, é necessário uma ação social que fortaleça as condições para que se possa promover o diálogo de maneira livre e sem constrangimento.

Por conta dessa perspectiva, o conceito de verdade também se modifica. Habermas propõe o entendimento da verdade não mais como uma adequação do pensamento à chamada 'realidade', mas como um etendimento resultante da ação comunicativa: como verdade intersubjetiva, que surge do diálogo entre os indivíduos.

Assim, razão e verdade deixam de constituir conteúdos ou valores absolutos e passam a ser definidas consensualmente, e sua validade será tanto maior quanto melhores forem as condições nas quais se dê o diálogo. A ênfase dada por Habermas à razão comunicativa parece uma maneira de tentar 'salvar' e revalorizar a razão, criticada por muitos dos filósofos contemporâneos.



Referências:
COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2013.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 12 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.