Primeiras escolas de Psicologia


O médico alemão Wilhelm Wündt (1832-1920) é considerado um dos fundadores da Psicologia como ciência, ele determinou seu objeto de estudo, seu método de pesquisa, os temas a serem estudados e seus objetivos, criando o primeiro laboratório de psicologia na Alemanha, em 1879.

A Psicologia se desenvolveu por distintas escolas de pensamento, que caracterizam as diferentes maneiras de entender os seres humanos. Cada uma dessas escolas possuía um foco definido e objetivos de como pretendiam realizar este estudo. As primeiras escolas da psicologia foram o Estruturalismo, o Funcionalismo e o Associacionismo.

O Estruturalismo foi uma linha de pensamento da psicologia que estudou a consciência em seus aspectos estruturais. Estudava as estruturas dos processos da mente e o conteúdo da consciência, por meio da análise da experiência consciente em seus componentes básicos, buscando os princípios de como os elementos simples compõem uma experiência complexa.

Se desenvolveu inicialmente na Alemanha e posteriormente nos EUA, por volta dos anos de 1870 a 1945, tendo como influência a concepção da subjetividade privatizada, o positivismo de Auguste Comte (1798-1857), a fisiologia, os filósofos empiristas e a psicofísica.

Representado por Wilhelm Wündt (1832-1920) e Edward Titchener (1867-1927), tinha como objeto de estudo os caracteres estruturais dos processos da mente consciência, o estudo do conteúdo da consciência, a análise da experiência consciente nos seus componentes básicos e a determinação dos princípios pelos quais estes elementos simples se relacionavam para formar experiências complexas.

Além disso, também estudavam a estrutura da mente, os fenômenos mentais pela decomposição dos estados de consciência produzidos pela estimulação ambiental, reconhecendo a unidade psicofísica resultante da soma da fisiologia e da cultura.

Seu método era a introspecção, "olhar para dentro", o que exigia sujeitos treinados para que pudessem observar e descrever minuciosamente suas sensações em função das características da estimulação a que eram submetidos. O relato deveria excluir o que fosse previamente conhecido e limitar-se ao que foi realmente experienciado sensorialmente. O procedimento envolvia observação, medições, registros e classificações, buscando conhecer os elementos básicos e estabelecer leis gerais.

O Funcionalismo buscava compreender o que a mente faz, e como é a interação do organismo com o ambiente. Foi criada nos Estados Unidos por volta de 1880, por William James. Essa linha de pensamento psicológico possui características de uma sociedade pragmática, preocupada com sua funcionalidade prática, focada na adaptação do sujeito ao meio. Algumas das questões que buscavam responder eram: o que fazem os homens e por que fazem?

Se desenvolveu nos EUA, por volta dos anos de 1880 a 1950, tendo como influências a concepção de evolução orgânica e adaptação ao ambiente de Charles Darwin (1809-1882), o Estruturalismo e o pragmatismo de Francis Galton (1822-1911) 

Seu objeto de estudo era o funcionamento da mente, buscando entender o que a mente faz, reconhecendo a interação contínua entre o organismo e o seu ambiente, que permite a adaptação do homem ao mesmo. Entre os membros é possível citar William James (1842-1910), John Dewey (1859-1952), James Cattel (1860-1944), James R. Angell (1869-1949) e Harvey A. Carr (1873-1954).

Uma das pautas desta linha era a adaptação do sujeito no ambiente, entendendo sua funcionalidade e utilidade, tendo como busca enquadrar a pessoa num todo orgânico. Este pensamento influenciou o Comportamentalismo, a psicologia educacional, a psicologia industrial e organizacional, a psicologia aplicada, os testes mentais e psicológicos, a clínica psicológica, a publicidade e a seleção de pessoal. Ao invés de utilizarem da introspecção, eles se utilizavam da observação como método de avaliação.

A escola Associacionista acreditava que a aprendizagem ocorre por um processo de associação das ideias, das mais simples às mais complexas, de modo que a aprendizagem de um conteúdo complexo, requer primeiro o aprendizado de ideias mais simples, associadas àquele conteúdo. A Lei do Efeito dizia que todo comportamento de um organismo vivo tende a se repetir se for recompensado e a cessar se for castigado.
No levantamento do quadro em que se praticava a psicologia no final do século XIX, vale que se ponham em destaque, em primeiro lugar, a preocupação com a medida dos processos sensoriais, efetuada por Weber e Fechner; em segundo lugar, o entusiasmo que foi acolhido o método experimental, na verdade decorrente do processo de conceituação da psicologia como ciência natural; em terceiro lugar, a desqualificação da consciência, apenas definida como um epifenômeno e, em decorrência, a negação de toda a subjetividade que, já no século XX, se consagra com o behaviorismo. Bem avaliado, este último aspecto apenas consagra o fechamento de um silogismo histórico, cuja premissa maior foi enunciada por Descartes, quando afirmou que os animais seriam autômatos; a premissa menor, com Darwin, afirmando que o homem é um animal e, logo, emitindo-se a conclusão com Watson, ao declarar que, em decorrência lógica, o homem é um autômato, criando-se, a partir daí, a ciência do comportamento.
(Penna, em 'Introdução à Psicologia Fenomenológica')
Essas três escolas influenciaram alguns aspectos do desenvolvimento de outras linhas de estudo e prática da psicologia, o que possibilitou o desenvolvimento de diversas abordagens teóricas, sendo as três mais importantes do século XX o Comportamentalismo, a Psicanálise e a Gestalt-Terapia.


Por Bruno Carrasco, terapeuta, professor e pesquisador, graduado em Psicologia, licenciado em Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em Ensino de Filosofia, Psicoterapia Fenomenológico Existencial e Aconselhamento Filosófico. Nos últimos anos se dedica a pesquisar sobre filosofia da diferença e psicologia crítica.

Referências:
BRAGHIRIOLLI, Elaine Maria. Psicologia Geral. Petrópolis: Vozes, 2002.
TELES, Maria Luiza S. T. Aprender Psicologia. São Paulo: Brasiliense, 1990.
PENNA, Antonio Gomes. Introdução à Psicologia Fenomenológica. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001.